Há um poema do Drummond que descreve com melancolia as fotografias que o tempo esconde e faz perder em algum lugar da memória – até que um dia, num instante que o poeta vislumbra, um lance da sorte e do acaso ultrapassa cada traço perdido e traz de volta a lembrança feliz e completa, resumo do existido. 

Mineiro de Belo Horizonte, Marcelo Prates apresenta uma série de mega fotografias. São imagens instigantes, que comovem o olhar mais atento, aquele olhar que, para além da superfície retratada, por um lance de dados pode encontrar o recorte do enquadramento e da margem, o aqui e agora que naquele exato momento, e não em outro, revela o futuro da perspectiva, desprendido para sempre do presente e ainda assim resumo do existido – como proclama Drummond.

Imagens que são mais perguntas que respostas, cada uma a seu modo, também porque misturam, às novidades da evolução do suporte fotográfico, o conteúdo mais efêmero e suas armadilhas, o mais passageiro, reconstruído eternamente a cada novo olhar.